TEATRO DAS FLORES
O espetáculo dos não tocados
Os descendentes dos adoradores que se abstiveram do ritual dos Banquetes dos Prazeres, não agraciados pelos dons de Mitra e até mesmo os que não receberam o poderoso toque de Set, careciam de qualquer talento divino evidente. Ausentes do contato direto com a fonte e desprovidos de uma notável aptidão divina para o combate bélico, não ostentavam habilidades extraordinárias. Embora a opção estivesse disponível ao conversarem com os irmãos deuses, nem todos possuíam a vocação necessária.
Foi justamente entre essas pessoas, cujas inclinações naturais não se alinhavam às artes bélicas ou aos dons do toque, que floresceu o Teatro das Flores. Este é um refúgio destinado à expressão artística e cultural, um palco onde aqueles desprovidos dessas vocações podiam encontrar seu próprio caminho, explorando as nuances da criatividade e da performance.
Mas isso não os impedia de ter um treinamento básico de defesa pessoal e de sobrevivência, disfarçados entre leques, canções, coreografias e instrumentos, essa batalha era camuflada pela arte performática, para manterem a imagem de despreparados.
As canções e danças coreografadas, meticulosamente elaboradas pelo Teatro das Flores, não eram apenas formas de expressão artística, mas sim ferramentas vitais para os guerreiros. Em grandes caçadas perigosas, essas performances proporcionavam um fôlego revigorante e uma injeção de energia, elevando o espírito dos combatentes. Em momentos de tristeza,
as melodias e movimentos coreografados eram um bálsamo para a alma, infundindo alegria nos corações pesarosos. Além disso, nos períodos de monotonia e tédio, o Teatro das Flores oferecia entretenimento cativante, dissipando a apatia e proporcionando momentos de deleite.
Assim, as artes performáticas não eram apenas um espetáculo visual, mas uma contribuição essencial para o bem-estar emocional e físico dos guerreiros, uma verdadeira fonte de inspiração e ânimo em meio aos desafios da vida.
Apesar da ausência de influência direta por parte dos três irmãos, o Teatro das Flores era objeto de admiração por sua "magia" única e pela beleza inerente às suas apresentações. Era uma cena comum testemunhar Derketo deleitando-se com o local e as performances cuidadosamente ensaiadas. Set, mesmo não sendo festivo por natureza, apreciava momentos de descontração, muitas vezes saboreando uma bebida enquanto assistia às canções precisas dos bardos, que habilmente teciam piadas para arrancar um sorriso largo.
Mitra, nutria uma paixão especial pelas coreografias do Teatro das Flores. Quando participava, ele lançava feixes de luzes magníficas para iluminar de maneira majestosa os espetáculos. Além disso, sempre estendia convites aos bardos para se apresentarem no seu templo, criando uma ponte entre o encanto do teatro e os domínios sagrados.
Mesmo não querendo dominar as tramas, Derketo abençoou os instrumentos e leques dos artistas dos Teatros, o entregando como forma de agradecimento e que pudesse utilizar como proteção em momentos necessários.
O não tocados do Teatro das Flores, eram os mais admirados pelos três irmãos e venerados pelos habitantes de Tarvallon. Sua arte e talento eram celebrados por toda a comunidade, proporcionando uma atmosfera de alegria e satisfação a todos que viviam naquelas terras.